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domingo, 24 de junho de 2012

O amor que tanto insisto

Sabe moço, eu brinco de construir amor nas horas vagas. Crio, recrio, e desequilibro. Um amontoado de coisas tuas, que foram minhas, e por fim se tornaram solidão. Quando você chegar, eu vou saber dizer, essa loucura toda de amar errado. Ou o quanto os meus dedos insistem em te criar dentro de mim. É amor, que me escorre pelos vãos, que se esvai para dentro de uma lacuna impreenchivel desse nós. Essa boca vermelha, que te caça em meio a um vento frio de uma madrugada solitária.
Calma moço, essa brisa toda vai passar. Ela é minha, te mandando dizer no teu ouvido, baixinho, sussurrado: vem!                   


Quando meus olhos te tomarem, eu vou saber calar todo o meu amor, no teu olhar. Toda essa vaidade de nada servirá, e essa tua mania de ser todo-meu-e-nada-teu vai ecoar, sobre os mares. Tu, que sabes de onde vem, e não sabe se cuidar. Eu te cuido seu moço, te abraço infinito, dentro destes lençóis quando o inverno chegar. E se o caso for, te conto um poema, te faço uma bossa, pra gente se completar. Quando tu chegar, e simplesmente entrar, eu vou deixar que a minha loucura se torne a poética mais sincera, que a minha invenção se perca dentro da tua boca. O vermelho berrante do batom, vai lhe percorrer a nuca, te narrando histórias e as minhas novas rotas. Vou te contar sobre esse mundo, moço. Tão moço, que és meu. Será terno, e único. Dentro do meu vicio de amor. Me percorrerá os poemas, as líricas, a bossa. Te quero por perto, sereno e complacente. Dentro dos meus fragmentos, pequenina, bailarina cheia de poesia. Mulher que é tua, e que se perde dentro dos teus olhos intensos. Te espero, quieta e serelepe. Adormecendo, pequenina, sobre estes lençóis vazios de você.                             



Sabe moço, quem sabe quando você chegar eu aprenda a dizer te amo. A parar o tempo, e transformar essa nossa dança, em poesia. Emaranhar nos teus cabelos uma vida inteira, cantarolar sob a lua, o brilho das estrelas dentro dos teus olhos. E até te escreverei cartas, só para não perder o costume de te amar dentro de mim.                        


Te espero moço. Para sermos nós.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Começar de novo

Nós não temos mais nada em jogo aqui. Não é mesmo? A inconformidade do presente e os pensamentos dispersos que me continham perante a sua imagem, hoje nada significam além de uma simples útopia, cultivada por estes meus anos tão mal vividos. Não cabe a mim a expectativa de criar novas faces para o sentimentos que imponho aqui. São sentimos novos, tão diferentes daqueles do momento em que lhe conheci. Tão distantes de você e ao mesmo tempo tão confortantes de um passado que já fora bom. Mas, hoje o que me ocupa todos os mililitros do meu torax é aquilo que me toma como representante de palavras que nem sei dizer ao certo quais são, só sei descrever a verdade que talvez não exista, mais que inscisto em acreditar. O caminho é novo, o coração nem tanto, porém, continua cavando e correndo em busca de novos motivos para não deixar de planar.

Mas quem sou eu, para passar por cima destas tuas convicções?

O sentimento que ponho aqui, é o que me escapa entre os dedos, é o sonho não idealizado. Eu tô aqui, me olhando em uma folha de papel em branco, vivendo a angustia de não saber o que dizer muito menos o que sentir. O que descrevo aqui agora é o sentimento que queimo frente as nossas mentiras. Eu tô quebrando muitas convicções aqui, to vivendo o risco de não viver meu próximo romance.
 Chega de viver no pretérito imperfeito do passado, é assim que te conjugo hoje. Uma simples pagina de um livro de contos mal escrito. Olhar para trás e ver tantas convicções quebradas, por juras infantis pode ser doloroso. E, é. Descobrir que a pessoa com quem você discorreu poesias, e arquitetou milhares de sonhos não é a certa, pode doer muito mais do que simples adeus. Quando você deixou de ser a pessoa certa? Por que deixaste?

O que conjugo aqui, agora, é o que me percorre as entranhas corroendo os pulmões e alcançando o ponto mais fraco da minha certeza de estar viva.

Mas quem sou eu para dizer o que estas palavras significam? Estou inapta a viver meu próximo capítulo por uma simples incapacidade. Cansei de olhar míope para dentro de mim e descobrir mais uma página em branco, sem roteiros. A frágilidade da vida me deu motivos para tentar.
Talvez se eu abrir mão destes tantos pensamentos de amor que me cercam seja mais suave o caminho a ser percorrido. Que seja doce, a liberdade de ser o que quiser. Assim, sozinha.

E que me seja bem vinda a solidão.

O que deixo agora são as cinzas deste amor irregular e catastrófico. O que resta é saber até que ponto me suporta sustentar o sorriso falsificado que me rasga a face. Até que ponto o amor pode me encontrar novamente. Eu tô aqui, reconstruindo sonhos e convicções, para seguir mais um caminho, livre.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Sintaxe a vontade

Sem horas e sem dores,
Respeitável público pagão,
Bem-vindos ao teatro magico.
A partir de sempre
Toda cura pertence a nós.
Toda resposta e dúvida.
Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser,
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto.
Nenhum predicado será prejudicado,
Nem tampouco a frase, nem a crase, nem a vírgula e ponto final!
Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas,
E estar entre vírgulas pode ser aposto,
E eu aposto o oposto: que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples.
Um sujeito e sua oração,
Sua pressa, e sua verdade, sua fé,
Que a regência da paz sirva a todos nós.
Cegos ou não,
Que enxerguemos o fato
De termos acessórios para nossa oração.
Separados ou adjuntos, nominais ou não,
Façamos parte do contexto da crônica
E de todas as capas de edição especial.
Sejamos também o anúncio da contra-capa,
Pois ser a capa e ser contra a capa
É a beleza da contradição.
É negar a si mesmo.
E negar a si mesmo é muitas vezes
Encontrar-se com Deus.
Com o teu Deus.